AntidepressivosAs depressões são doenças frequentes, caracterizadas muitas vezes por intenso sofrimento, incapacidade e graves riscos O seu diagnóstico nem sempre é fácil, pois as depressões manifestam-se por variados sintomas físicos e psicológicos. Ninguém poderá negar actualmente a importância decisiva, para o correcto tratamento das depressões, que cabe aos medicamentos antidepressivos. Muitas vezes as dificuldades do tratamento resultam da falta de informação dos doentes e dos seus familiares, receosos destes medicamentos e desconhecedores das suas verdadeiras características. É sobre estes aspectos que gostaríamos de informar o leitor. O que são os antidepressivos?São medicamentos cuja acção decorre no Sistema Nervoso Central, normalizando o estado do humor, quando se encontra deprimido (o que equivale para o doente a tristeza, angústia, desinteresse, desmotivação, falta de energia, alterações do sono e do apetite e muitos outros sintomas). Como actuam os antidepressivos?Actuam no cérebro, modificando e corrigindo a transmissão neuro-química em áreas do Sistema Nervoso que regulam o estado do humor (o nível da vitalidade, energia, interesse, emoções e a variação entre alegria e tristeza), quando o humor está afectado negativamente num grau significativo. Os antidepressivos são drogas?Não. Os antidepressivos são medicamentos que não produzem dependência, sendo a sua acção terapêutica resultante de um reequilíbrio da perturbação depressiva. Quanto tempo demoram os antidepressivos a começar a actuar?Em geral, a acção terapêutica dos antidepressivos é relativamente lenta. Depois de iniciada a toma do medicamento. Com a dose correcta, deve-se esperar o começo da melhoria dos sintomas de depressão ao fim de cerca de 15 dias, mas a recuperação pode tardar um mês. Quais são os sintomas que os antidepressivos melhoram?As depressões são muito diferentes, tanto nos sintomas que apresentam, como na sua gravidade, evolução e reacção do doente à depressão. Há depressões muito graves, outras moderadas. Há depressões de duração breve, média e longa (por vezes, crónica). O antidepressivo, correctamente prescrito pelo médico, produz, em geral, um importante alívio da maioria dos sintomas depressivos, como a tristeza, a angústia, a lentificação, a diminuição da energia, a falta de concentração, o desinteresse, as alterações do sono e do apetite, e as ideias negativas (de culpa, de autodesvalorização e de suicídio). Por vezes é útil e necessário combinar a medicação antidepressiva com medicamentos específicos para a ansiedade. Quais as doses certas para os medicamentos antidepressivos?A recomendação absoluta é seguir a dose prescrita pelo médico. Muitas vezes inicia-se o tatamento com uma dose mais pequena, que se eleva gradualmente até ao nível considerado terapêutico. Se se registarem no início efeitos indesejáveis, como securas, tonturas, obstipação, enjôos (por exemplo), há que informar o médico, mas isso não significa que o medicamento esteja a fazer mal. Mas, em alguns casos, devido à intolerância produzida no início, pode ser necessário reduzir a dose ou mudar para outro antidepressivo. Não se deve esquecer que o medicamento pode levar algumas semanas até começar a aliviar a depressão. É possível a auto-prescrição com antidepressivos?Não! A prescrição destes medicamentos é um acto médico que envolve um diagnóstico prévio de doença depressiva. Os antidepressivos são todos iguais?Não. O primeiro medicamento antidepressivo foi descoberto na década 1950/60. Desde então surgiram muitos medicamentos com acção antidepressiva e outros continuam em investigação.
Os antidepressivos são sempre eficazes?Não. Por vezes um doente terá de fazer dois ou mais medicamentos antidepressivos sequêncialmente, ou em combinação, e em associação com outros fármacos que potenciam os antidepressivos. Em alguns casos a depressão não cede aos antidepressivos por diversas razões, em que se inclui a coexistência de doença física, o uso de álcool ou de drogas, a gravidade dos factores psico-sociais ou, apenas, a não-resposta da doença depressiva aos medicamentos. A indicação da electroconvulsivoterapia reserva-se para depressões graves e resistentes. Quanto tempo se tem de tomar um antidepressivo?Tal decisão compete ao médico. Em geral, a terapêutica de uma depressão justifica vários meses de tratamento (± 6 meses). Há doentes que terão de tomar a medicação por um período prolongado ou mesmo indeterminado para evitar as crises depressivas. Nestes casos o medicamento antidepressivo é preventivo da recorrência das crises depressivas. É de ter em conta que na doença depressiva é mais frequente haver tendência para crises repetidas, por vezes periódicas, sendo a crise depressiva única a excepção. Se a recorrência das crises é frequente, justifica-se a prevenção antidepressiva. No caso das crises serem bipolares (crises de euforia alternando com depressão) a prevenção deverá, caso seja necessária, ser feita com estabilizadores do humor como a Olanzapina, a Lamotrigina, o Valproato, Carbonato de Lítio, Quetiapina, Carbamazepina, Risperidona e Ziprasidona. Conclusão Os medicamentos antidepressivos são um grupo terapêutico excepcionalmente importante no tratamento das depressões e na sua prevenção. SABER SOBRE DEPRESSÃO E RECONHECÊ-LA COMO DOENÇA É IMPORTÂNTE NUMA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE, TANTO DA PESSOA, COMO DA COMUNIDADE |