Como lidar com uma crise de Elevação do Humor?

Há importantes factores a ter em conta:

  • O reconhecimento precoce dos sinais de crise;
  • Saber o que fazer quando a pessoa começa a sentir-se em crise.

Um “alto” ou um episódio de elevação do humor (mania/hipomania) afecta cada pessoa em velocidades variadas. Se exceptuarmos os casos de início muito rápido, é possível para as pessoas com Doença Bipolar (maníaco-depressiva) aprender a reconhecer os sinais de crise para agir de forma a reduzir a gravidade e impacto da crise. Se passar pela hipomania antes de entrar na verdadeira mania, tem uma grande vantagem pois este período de leve elevação do humor possibilita-lhe a adopção de estratégias de prevenção adequadas.

Reduzir os efeitos de um ponto alto

De uma forma geral aplicam-se os mesmos conselhos a situações de hipomania e de mania.

Estratégia de antecipação

Mantenha-se em contacto com o seu médico. Se aprendeu a reconhecer os sinais de crise pode discutir com ele os benefícios de uma automedicação de prevenção de crise e guardar uma reserva de medicamentos para este propósito (seguindo a indicação médica!).
Considere a hipótese de estabelecer um contrato com os seus amigos e familiares mais próximos acerca do que poderão fazer se acharem que está a entrar em crise.
Combine, para essa fase, entregar a algum deles o seu cartão de crédito e o livro de cheques.
Se tem a tendência de fazer grandes despesas em telefonemas, este problema deve ser discutido quando se encontra estável.

Se começar a entrar em euforia:

Consulte o seu médico o mais depressa possível para um ajustamento na medicação. Veja se deve parar algum medicamento antidepressivo que pode estar a precipitar ou a agravar a crise. Se já está a tomar um neuroléptico (antipsicótico), pode haver a necessidade de aumentar a respectiva dose. Se não estiver a tomar, poderá carecer dessa medicação, acrescentada à sua medicação de estabilização habitual com o Lítio, o Divalproato, a Carbamazepina, a Lamotrigina e a Olanzapina.
Evite situações que o possam excitar e criar-lhe problemas ou complicações, como saídas, festas, reuniões, contactos com muitas pessoas, trabalho. Canalize a sua energia para actividades mais tranquilas, que não estimulem e excitem, como escrever, pintar ou praticar exercício físico (com moderação).
Apesar de não ter vontade de descansar, necessita de o fazer. Pequenos períodos de repouso são muito positivos.

  • Escute os que lhe estão próximos – pergunte-lhes como o acham;
  • Não se esqueça de comer;
  • Obtenha ajuda quando necessita, para ir às compras, por exemplo;
  • Planeie o seu dia com o mínimo de actividades, e não ceda à tentação de acrescentar demasiadas tarefas;
  • Evite o café, o chá ou a coca-cola, pois são estimulantes;
  • Evite o álcool;
  • Não conduza.

Se a sua hiperactividade mental lhe produz dificuldades de concentração, faça uma lista das questões essenciais a não esquecer.
Certifique-se que as pessoas da sua lista de apoio sabem que está “acelerado” e que pode precisar de ajuda. Recorde-se de que falar durante longos períodos vai desgastá-lo a si, aos seus amigos, familiares e contactos profissionais. Uma nota escrita permite-lhe concentrar-se no essencial a dizer à pessoas. Decidir limitar previamente o tempo de uma conversa pode ser também útil.
Se está cheio de ideias brilhantes, passe-as a escrito. Verifique a lista depois de estar estabilizado e decida quais as que fazem ainda sentido.

Sinais para ficar em alerta, quando se está em subida

  • Aumento de actividade física como, por exemplo, as suas tarefas estarem todas feitas às 7h da manhã.
  • Mente hiperactiva, com aumento de intensidade de pensamentos ou emoções e uma maior rapidez verbal.
  • Dormir menos, acordando muito cedo, cheio de energia ou deitando-se muito tarde, sem saber quando parar.
  • Sentimentos de alegria, felicidade e excitação. Em algumas pessoas podem acompanhar-se de irritabilidade, medo, desconfiança ou paranóia (sentir que os outros estão contra si, o perseguem).
  • Sensações de vivência em uníssono com todas as pessoas, o mundo, e o universo.
  • Constante pressa com múltiplas tarefas ao mesmo tempo, sem conseguir terminar nenhuma.
  • Falar tão depressa que os outros não o conseguem acompanhar. Interrupção total ou quase total do discurso dos outros.
  • Manutenção de longas conversas, frequentemente divertidas e profundas, mesmo com estranhos. Passar horas ao telefone.
  • Esquecer-se de comer, por estar muito ocupado.
  • Subitamente tem muitas coisas para fazer, muitas pessoas para ver, muitos sítios onde ir, muitas ideias e planos, possivelmente acompanhados de esquemas ambiciosos para “fazer milhões” ou “salvar o mundo”.
  • Fazer coisas estranhas ao seu carácter, por exemplo, gastar muito dinheiro e agir de modo destravado no plano sexual.

Factores importantes a não esquecer sobre mania e hipomania

O estado psíquico é muitas vezes agradável, tão intensamente, que há grande relutância em reconhecer que se possa estar doente. Na fase de hipomania a pessoa sente-se muito bem, activa, produtiva, de tal modo que é difícil aceitar que está em evolução uma crise e que são necessárias medidas terapêuticas.
Pode reconhecer que está hipomaníaco, mas subestimar a gravidade da situação. Pode sentir-se confiante em que “desta” vez não vai cair numa crise grave de Mania. Devido ao seu estado psíquico pode não se importar em entrar em Mania.

Porque se tem de tomar medidas quando se está em hipomania?

As consequências para a sua vida e para as relações com as outras pessoas, como resultado dos seus actos na fase mais alta, ou mesmo, apenas em hipomania, podem ser dramáticas e muito prejudiciais. A euforia de uma fase de hipomania pode impedir uma consciencialização desses riscos.
A não ser que se tomem medidas adequadas, a crise pode evoluir para uma fase de Mania grave.
A viragem para a depressão segue-se muitas vezes à fase de Mania e é muitas vezes pior após uma fase grave de elevação.

Leia com atenção, repita a leitura, dialogue com o médico, o enfermeiro ou outro técnico de saúde mental, ouça a opinião e os conselhos dos amigos e dos próximos ou contacte a ADEB.

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